A arrogância evangelicalista plantada na infância.

Na minha adolescência, eu fui o que se pode chamar de adolescente atípico.

Enquanto muitos adolescentes davam aulas até para as prostitutas de como transar, eu não sabia o que era relação sexual na prática.

Não era por timidez, nem por que as meninas não me procurava (Sim, mulher procura homem para fazer sexo há muito tempo), muito menos por que eu não gostava de mulher.

Eu resolvi esperar.

Nada relacionado com o movimento radical com o mesmo nome, mas simplesmente eu resolvi que não sairia por ai trepando com todas as meninas e mulheres que surgissem no meu caminho. Resolvi esperar por alguém que me completasse, mesmo sendo totalmente diferente. Resolvi esperar por que resolvi esperar.

Não me tornei um recluso, não deixei de me socializar com mulheres da minha idade, não saia fugindo da primeira perna aberta ou peito de fora, clamando pelo sangue de Jesus, até porque, o Sangue de Jesus não foi derramado para me fazer um puritano hipócrita, mas para me transformar em uma pessoa melhor.

Também não me tornei o juiz dos meus amigos e amigas que resolveram pensar diferente que eu. Eles se satisfizeram, alguns foram felizes, alguns nem tanto, mas todos tiveram o direito de ser quem quiseram ser.

Meus filhos foram ensinados a não se tornarem escravos do sexo, mas não usei a fé como base do ensinamento. Dizer para eles que existe um Deus que os condenaria se fizessem sexo antes de se casar, ou que não precisavam se proteger de doenças, pois eram “separados por Jesus para namorar, noivar e casar” poderia ser somente mais um fardo de “escriba e fariseu hipócrita” que ataria sobre seus ombros.

Ensinar a castidade do corpo, sem primeiro ensinar a ter a mente pura, é uma imbecilidade sem tamanho.

Vi o vídeo duas vezes. Na primeira, senti nojo de toda pretensão explícita de que evangélicos são melhores que não evangélicos só pelo fato de não fazerem sexo antes do casamento. Me incomodou também a falta de espontaneidade de uma menina que foi ensinada a dizer o que disse, com detalhes de cortes, viradinhas para a direita e mensagem partidária no fim do vídeo.

Na segunda vez, tive piedade dos pais e da própria menina, pensando no momento em que o discurso do vídeo possa não ser tão intenso a ponto de livrá-la de um desejo maior que sua fé.

Ninguém no mundo pode ser considerado melhor que o outro por não manter relacionamento sexual antes do casamento. Além disso, é muito fácil escrever um texto e fazer uma menina ler, com toda soberba infantil evangelicalista, dizendo que “isso não acontecerá comigo, só porque tenho fé”. Difícil será dizer para a carne desta menina, que talvez um dia deseje mais do que possa suportar, que ela tem que honrar o vídeo que seus pais, parentes, líderes espirituais, ou coisa que o valha, a fizeram gravar.

Não me arrependo de ter esperado pela minha primeira vez, com a mulher que eu amo. Continuo crendo e ensinando que sexo não é pra ser feito de qualquer maneira. Continuo crendo que sexo promíscuo só causa dano. Simplesmente não consigo aceitar um evangelho que tem a soberba como um de seus pilares.

Do vídeo todo, se salva o desejo de quem o produziu de que esse seja o último mandato da presiDENTE, mas com essa soberba toda, fico pensando no texto de Tiago: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Tiago 4:6

Ronildo Brites )

Assista o vídeo, antes que excluam

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