A canção dos campos e o convite-revolução.

FLOREARMA

Ao nascer e crescer na Galiléia, ele se identifica com seu povo. Não era rico. Era rei, mas não tinha trono. Seu palácio era o tempo, seu trono, os montes. Mesmo sendo filho de Deus, vivia a vida que o aproximava dos seus pares. Mas não dava as costas aos antagônicos. Para ele, todos eram iguais, braços dados ou não.

No caminho, ele contava histórias, cantava a vida comum e cotidiana de um povo que, mesmo sem saber pra onde, segue, caminhando e cantando e seguindo a canção.

Nas escolas da Lei, sinagogas, lugar comum para alguns, inacessíveis para outros, caminhava o curso da vida, caminhando e cantado e seguindo a canção.

No caminho chama discípulos. Homens simples, pescadores, pecadores, infratores. Homens que estão acostumados a esperar, mesmo que a espera os leve a lugar nenhum. Faz o convite-revolução a quem quiser ouvir e diz:

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Os homens, esquecidos, derrotados, odiados, não resistem ao convite. Seguem o Mestre. No seguir, deixam tudo para trás. Não tendo onde reclinar a cabeça, conseguem perceber o que se passa nos campos. Tristes campos, plantações que não são deles, geradoras de dívidas, pagadoras de impostos, causadoras de dores, mortes, desolação, escravidão. Os que viram os campos, as ruas, as plantações percebem que:

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão

Mas os que observam os campos, já aprenderam do mestre a lição e refazem o convite-revolução

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

O país, desolado, preso, tomado por soldados que fazem de suas armas a extensão de suas maldades, matam com as armas, mas igualmente matam as ideias de liberdade. No lugar de serem armados, deveriam ser amados. Suas vidas seguem o curso-solidão de quem aprendeu a lição, sem saber se a aplicação era a mais adequada.

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão

Os que caminham com o mestre, já não são as mesmas pessoas. Marcados e afetados pelo modo de viver do mestre, aprendem aos poucos a ver como ele vê. Todos são soldados, armados ou não. Na mente, amores, no chão flores, a frente a certeza de que no caminho é que se aprende e esse ensina uma nova lição: Revolução!

O convite-revolução é feito, sempre, todo dia, toda hora. Ou aprendemos a lição ou morreremos pela pátria, sem vida, sem razão.

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

 

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