A canção dos pescadores: não sou eu quem me navega.

jesus chama os

E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. Mateus 4:18-20

Eles saiam todos os dias para pescar. A vida de suas famílias dependia disso. Arrumavam as redes, consertavam as que estavam arrebentadas. Algumas não tão arrebentadas quanto suas próprias vidas. A opressão os dominava. Quando chegassem do mar, com o produto de seu trabalho, não poderiam usufruir de tudo que conseguiam conquistar. Parte da pesca, dolorida e suada, iria para as mãos de quem nada fazia, nem pelos pescadores, nem pelos pecadores. O império dos homens, e o império em nome de Deus cobrava-lhes altos impostos, para simplesmente manterem seus projetos de poder. Mantinham o poder e matavam o viver.

De dentro de suas pequenas embarcações, partindo para o mar, podia-se ouvir o canto de sabedoria, mesmo em meio a tantas dores:

“Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar”

O canto, triste, porém carregado de ensinamento para vida, era o que podia amenizar o sofrimento de suas árduas e quase infrutíferas tarefas. Cantavam a sua fé, que mesmo deturpada, fazia parte de suas vidas e de suas lutas pela vida. Era a fé no Deus criador da terra, céu e mar, que os mantinham sempre a caminho do mar. Desejosos de que a viagem do mar nunca acabasse continuavam cantando a fé e o que haviam aprendido com seus antepassados:

“E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
– Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar”

Nem sempre o resultado do trabalho é o desejado. Nem sempre a rede volta carregada de peixes. A rede vazia aumenta mais ainda o vazio de suas almas. A dor no peito vem com a certeza de que mesmo sem peixes, os impostos serão cobrados. Mesmo assim, a fé que eles têm em Deus, compreende que, tal como a onda que vem e vai, ir com a esperança e voltar sem peixe, é só mais uma um ciclo de ondas circunstanciais. Eles voltam então cantando:

A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz

Um dia, um homem diferente aparece à beira mar. Não tinha tipo de pescador, mas atrai pelo seu olhar e pelo se falar. Trazia um convite diferente. Queria pescadores diferentes, não daqueles que navegam no mar, mas daqueles que pisam o solo empoeirado da vida. Não queria pescadores de peixes, mas queria pescadores de homens: O homem de nazaré faz o convite: “venham comigo, eu os ensinarei como pescar Homens”

A proposta estranha se revelou atrativa. Tanto os que estavam na praia, quanto os que estavam nos barcos, decidem imediatamente. Deixam tudo de lado. Não há porque não arriscar. Já eram pescadores, só teriam que aprender como pescar seres humanos.

A partir desse convite, eles internalizam um novo canto. Não são senhores de si mesmos, mas tem Deus no controle do seu barco da vida. No caminho com o mestre, não desistem de cantar. Mas há uma nova canção em seus corações. Nela, eles não comandam o seu barco, mas Deus é quem governa a embarcação chamada vida.

Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o mar

(Inspirado na aula do Professor Marcio Simão

Clique aqui para ouvir a música.

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