A igreja da desesperança: quando o túnel causa fim à luz

imagesO que é a igreja de hoje? O que ela deixou de ser ao longo do tempo? Qual a relevância da igreja nos dias atuais? O que aconteceria no mundo se a instituição igreja fechasse suas portas de vez?

Essas perguntas, para as quais pretendo ter alguma resposta, de preferência a partir de articulações com amigos e irmãos que sofrem das mesmas inquietações que eu, explodem o tempo todo na minha cabeça.

Talvez, por conta disso, tenho me questionado também, sobre o meu papel como pastor nessa igreja para a qual busco essas respostas. Sei que não serão respostas prontas que me farão entender os motivos pelos quais há tanta diferença na igreja fundada pelo Cristo e na igreja perpetuada por aqueles que se auto-denominam cristãos.

Não pretendo aqui, fazer estudo de casos. Os casos a ser estudados não são lá boas fontes de estudo. Pretendo discorrer sobre a dor de ser igreja em um mundo para o qual a igreja não tem se mostrado na perspectiva de seu fundador. A igreja que hoje existe, não é, nem de passagem, aquela, de quem se disse certa vez “as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Em dado momento, ela tem sido, de fato, o portal para o inferno em vida.

Nesse sentido, tenho me perguntado sobre de que vale o ajuntamento de pessoas, que chamamos de igreja? (vale à pena ressaltar que não falo do corpo místico de Jesus, mas da instituição). Para que serve? A quem serve e de quem se serve a igreja nos nossos dias.

Nos tempos de Jesus, a Igreja fazia parte de um projeto chamado Reino de Deus. Não estava lá, mas posso compreender perfeitamente que o projeto de Deus com a Igreja sempre foi sinalizar o Reino de Deus. Por isso ele chama os que o seguem de Luz. A luz sinaliza o caminho. O caminho de paz, de busca pelo o outro, de amor e de perdão. O caminho que fizesse com que o povo enxergasse na igreja algo para além do aglomerado de gente.

Jesus os chamou também de sal. Penso que ao comparar os que o seguiam como sal, Ele deu a real dimensão do que deveríamos ser. Não precisa de muito para fazer a diferença. Mas precisa dar sabor para fazer essa diferença. Não precisa saturar se não, no lugar de diferença, haverá uma igualdade intragável e causadora de doenças. Precisa ser pouco, na medida, e com propriedade de dar sabor.

Nesse sentido, da luz e do sal, penso que a igreja se perdeu por completo. A começar por suas lideranças, muitas delas vestidas de uma soberba diabólica. Acredito que o clamor do profeta é tão contemporâneo quanto nos dias Ezequiel quando ele dizia “Estou contra os pastores e os considerarei responsáveis pelo meu rebanho. Eu lhes tirarei a função de apascentar o rebanho para que os pastores não mais se alimentem a si mesmos. Livrarei o meu rebanho da boca deles, e ele não lhes servirá mais de comida.” Ezequiel 34.10

Triste destino para quem, no lugar de fortalecer, curar, enfaixar, trazer de volta a que se foi, procurar a perdida, só pensou em devorá-las. Sendo pastores de sua própria arrogância, ignoraram o conceito mais básico do pastoreio que é o cuidado.

Da liderança, para grande parte dos liderados, muda muito pouco. Não era para ser diferente. Para o bem ou para o mal, o nome disso é discipulado. Há liderados que são a cara e a voz de seus líderes. Por conta disso, há muito incomodo com mudanças nos direitos civis e pouquíssimo incomodo com as lideranças que são pegas em flagrante corrupção. É a ação do líder que faz o liderado.

Desta forma, por que reclamar da corrupção quando se tem uma bancada inteira de autoridades em nome de suas instituições a quem chamam de igreja? Por que se preocupar com os púlpitos que nas eleições viram palanque de um curral eleitoral, onde se vota, não por opção política, mas por serem dominados por suas lideranças. Se auto “farizaízam” e continuam coendo mosquitos e engolindo camelos.

Nas suas marchas, a instituição igreja segue como bando de zumbis, que gritam o grito da alienação, passando por desvalidos, maltratados pela sociedade, doentes, pedintes e a única coisa que conseguem fazer é gritar seus gritos alienante “hei, Hei, hei, Jesus é o nosso rei” (e o pastor fulano, sicrano, o cantor, a cantora, o profeta a profetisa, também).

Continuo pensando sobre o que esse tipo de igreja, comprometida com o poder e os poderosos, no lugar de se alinharem aos oprimidos, tal como o Senhor da igreja, tem a oferecer a este mundo caótico.

A igreja que vejo hoje, é a igreja da desesperança, que prefere ser mais, ter mais autoridades do lado dela, do que ser simplesmente luz e sal, na medida certa para cumprir o seu chamado de sinalizadora do Reino de Deus e diferencial no mundo. É o túnel no fim da luz.

Espero sinceramente, que minha esperança não morra pois tenho esperança naqueles que ouvem a voz do Senhor da Igreja.

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