A páscoa do Cristo da Vida, pão de todos e vinho novo da alegria.

paoevinhoNesta semana, todo o mundo cristão comemorará a morte do Cristo. Alguns encenarão o martírio, a dor, o sacrifício sangrento de um homem que foi muito mais que um simples modelo de satisfação para aplacar a ira de um deus violento e cruel.

Nas igrejas, os musicais terão como ponto central, a dor, o escárnio, o sofrimento como um todo e, sobretudo, a morte, sinalizada com um som quase gemido de “está consumado”. Nesse momento, o personagem exaurido por tanto sofrer, dobrará sua cabeça para o lado, derrotado pelo pai que sequer teve coragem de olhar para ele, abandonando-o na cruz.

Nas ruas, as procissões, levarão imagens de rostos tristes, como que ainda levando toda a culpa, dita comprada pelo sacrifício do Cristo.

Já na antiga aliança, Iahweh indagava e afirmava: Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios? Para que me trazeis tantos holocaustos? Eis que estou farto de sacrifícios queimados de carneiros e da gordura de novilhos cevados. Ora, não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, cordeiros e bodes! Isaiais 1:11

De fato, a morte e ressurreição de Jesus são pontos importantes para a vida do cristianismo. Entretanto, há muito mais que isso a ser aprendido com o Cristo. Procure uma instituição cristã que faça, nesta semana, algum tipo de referência à Vida do Cristo, como ele ensinou, como ele curou, como ele libertou os cativos, como ele restaurou os que estavam socialmente marginalizado, como ele alimentou os famintos, mas não procure por muito tempo, pois com certeza, esta semana não é a semana de se comemorar ou rememorar a vida, mas de celebrar a morte sangrenta de alguém que, ao olharmos para o panorama das comemorações cristãs, parece que saiu da manjedoura direto para os açoites, lanças, vinagre e cruz.

É importante destacar que, não foi a fé que fez do sacrifício do filho um espetáculo de sangue e dor, para um pai que, terrivelmente magoado com os pecados da humanidade exige-lhe todo esse martírio. A fé vê a morte e o sangue como componentes da revelação. A religião transformou a morte e o sangue como espetáculo emocionalista, suficiente, não para salvar, mas para impor um peso de culpa no ser humano, a ponto dele se sentir compelido a aceitar o Cristo, já que ele sofreu tanto pela humanidade.

O mesmo cristão que professa que o Homem é o que de melhor existe na criação, é capaz de se dobrar a um principio religioso que indica a humanidade como fraca, tendo que se humilhar diante dessa divindade cruel, que lhe exigirá a vida, e que, não aceitará a sua própria vida como sacrifício, colocando o Cristo para morrer no lugar do Homem. Aceitar esse jogo religioso, é rebaixar o cristo à categoria de um animal, que sem vontade, sem sentimentos, sem culpa, parte para a morte somente para satisfazer a ira do deus sanguinolento.

Nesta semana, ninguém falará do pão e do peixe, que alimentou a multidão, prenuncio do pão da vida, que alimentando o faminto, cessa-lhe a fome de vida.

Ninguém tocará no milagre da água que se torna em vinho. Vinho novo, que não nasceu da parreira, mas que brotou do único que pode dar alegrias maiores que o vinho terreno.

Ninguém lembrará também, do posicionamento do Cristo, diante da multidão acusadora e hipócrita, que alvoroçada pretendia ou apedrejar a adúltera, ou condenar Jesus em um erro. Ninguém lembrará que o Cristo não disse: Espere até que eu morra, daí eu não te condenarei e te direi para ir e não pecar mais. De fato, a vida do Cristo, e não a sua morte fez muito mais por aquela mulher.

Finalmente, nesta semana, ninguém se lembrará de que o Cristo que morreu na cruz é o mesmo que ensinou a alimentar o faminto, dar água ao sedento, hospedar o estrangeiro, vestir o que estava nu, visitar o doente, ver o que está na prisão.

Falta-nos lembrar do Cristo, pão repartido por todos, feito de todos ainda em vida, vindo e não somente morrendo, para que todos tenham vida e a tenham em abundância.

Lembremos, pois, nesta páscoa, não somente do Cristo que sofre e que morre, mas também do Cristo que vive e que é vida repartida para todos os que precisam de vida.

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