A rua empoeirada
marcada pelas pegadas
de quem caminha a vida
não sabe da verdade
que os pés cansados,
sofridos, desanimados,
carregam as dores sentidas.
No caminho da história,
caminho da vida
de quem caminha buscando
rumos, afetos, abraços,
formam-se traços
marcas de pés que vão
e que vem, infinitamente
e que de tanto caminhar
seguem indolentemente
com a anestesia da vida
que de tanto fazer sofrer
cauteriza a alma.
A dor dos pés
é também dor da alma ferida
que pulsa a dor do abandono
a dor da injuria
que o povo do caminho
com o coração mesquinho
desfere na alma
como que com punhais
que saem dos olhos
prontos a julgar e a matar.
A dor segue a vida sofrida
até que há um encontro
com aquele que caminhou
por estradas poeirentas,
que feriu os pés e as mãos,
que recebeu golpes fatais,
daqueles que eram
filhos de um mesmo pai.
O encontro gerou vida!
Não negou a luta do dia a dia,
mas trouxe a paz para viver
a vida que, mesmo que sofrida
vale a pena ser vivida.
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