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Apocalipse de João e Marisa Monte

Num êxtase, exilado na ilha de Pátmos, ele vê um lugar que difere do lugar onde vive. Seu lugar é de dor, dúvida e perseguição.

Idoso e cansado, é natural que deseje um lugar calmo, um vilarejo, onde de sua casa, possa ver o horizonte.

Ele vê o novo céu, a nova terra, lugar onde não há divisões, onde o mar deixa de existir e derruba as fronteiras. Um lugar desses, não merece outro nome: paraíso, um vilarejo onde areja um vento bom.

Lá vivem os heróis. Os que um dia que deixaram os lares de suas mães, para que ao longo do caminho, sinalizassem com suas vidas o Reino de Deus.

Neste vilarejo, lugar de aconchego, há casas cujos tetos são brancos como as vestes brancas de uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas.

Toda gente cabe lá, Palestina ou Sangri-lá.

O tempo é o Eterno, pois lá o tempo espera. Lá é sempre primavera, estação do renascimento, da nova vida. Lugar que não necessita de sol nem lua para que resplandeça. O Cordeiro a ilumina.

Suas portas e janelas estão sempre abertas. A cidade está adornada com flores que enfeitam caminhos, vestidos e destinos.

Lá existe o verdadeiro amor para quem entrar na cidade.

Ele tanto pode andar, quanto voar e da varanda de sua casa ouve uma música que poderia ser mais ou menos assim:

Há um VILAREJO[1] ali

Onde areja um vento bom
Na varanda quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão

Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas cal

Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonhos semeando o mundo real
Toda a gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá

Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas pão

Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos
Os destinos e essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for.

Eu sei que eu posso estar sonhando, mas eu sei que eu não sonho sozinho.

[1] Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte, Pedro Baby

O filho que parte, rindo pra não chorar, precisando se encontrar.

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E disse: Um certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. Evangelho de Lucas 15: 11-13

O filho mais novo já não suportava a vida que vivia. Para ele a monotonia, o cotidiano já não lhe trazia mais prazer. Precisava de mais, de muito mais do que experimentava em casa. Os risos que surgiam de sua boca, não eram risos de alegria. Ele ria sim, mas ria para não chorar a vida que vivia.

Ele sonhava com o dia em que podia estar livre, sem se preocupar com a hora. Queria ver a noite passar e chegar na alvorada para ver o sol nascer. Não queria regras. Queria viver sua vida.

No seu coração, achava que poderia conhecer outros rios. Os rios da casa do seu velho pai, já não lhe produziam encanto e a monotonia das mesmas águas que anos a fio correram no mesmo leito já não fazia seus olhos brilhar.

Nem mesmo o canto dos pássaros, que em revoada cruzavam os céus de sua casa, lhe dava motivos para continuar ali.

Ele precisava andar, sair por ai e procurar motivos para um riso que não fosse rir pra não chorar.

Ele chama o pai, companheiro dos anos de vida que viveu na sua casa, e exige sua parte da herança. O pai, talvez tenha sentido no peito o desejo de partir da vida, para não ter que ver o filho partindo da casa onde ele era tão amado.

O pai sem entender o pedido do filho, demonstra que preferia que ele não fosse, e que permanecesse sob seus cuidados, na sua casa.

O filho olha para o pai e com o coração certo de que não quer mais ficar, canta os motivos da sua saída:

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar

Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar

O pai de tanto amar, mesmo sabendo que a escolha não era a mais acertada, rasga o coração e abre mão da parte que o filho exigia. Dá a herança solicitada e sente que talvez em outro tempo a esperança ressurja e traga o filho amado de volta a casa.

O pai que fica desolado, não esquece aquele filho tão desnaturado e tão amado. Fica a beira da estrada todos os dias, na esperança de que ele um dia volte.

Por vezes partimos assim, rindo para não chorar, querendo encontrar o que se perdeu em nós mesmos. Seja como for a ida, ou como for o retorno, o pai estará sempre na estrada a nos esperar.

A canção do Cristo: amanhã vai ser outro dia

abaixoaditadura

“E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.” Mateus 26:49-51

Os tempos naqueles dias, naquele país, eram tempos de repressão. Os ditadores, que estavam no poder, negavam ao povo a liberdade de ser e de viver. Com altos impostos cobrados, impediam o povo de viver até mesmo a sua religião de forma plena. Tudo era cobrado, se não em dinheiro, com dores, com lágrimas, com torturas, com morte.

Nesse ambiente de repressão, alguns ousaram falar em liberdade, em um reino diferente. Um deles chegou a dizer que o reino dele não era desse mundo. Uma fala assim, tão ousada, não passaria sem ser percebido pelo regime ditatorial que se instaurara naquele pequeno grande país.

Eram momentos em que até confiar naqueles que estavam próximos exigia certo cuidado. Alguns se deixavam vender pelo som das moedas que “tilintavam” do outro lado.

Foi de repente que tudo aconteceu. A força repressora chegou, com suas armas de guerra, contra um grupo que só queria a paz. Ignorando a desproporção entre os dois grupos, partiram para cima do grupo da paz, querendo saber onde estava o líder deles.

A cena que se deu foi tensa. Um deles, do grupo da paz, chegou junto com os da repressão. Não podemos julgar os motivos pelos quais ele agia dessa forma. Em tempos de ditadura, sabia-se que a tortura era um dos instrumentos utilizados para se conseguir alcançar os revoltosos. Tortura física e psicológica. Não há como saber se não era este o caso.

Esse desgarrado do grupo da paz aproximou-se do líder, fez uma saudação comum ao seu grupo e o beijou. A força repressora entendeu o gesto como sendo o de uma delação e prenderam o líder pacifista.

Um dos que estavam com o líder, aborrecido, sacou de sua arma e feriu o servo do religioso na orelha. O líder lhe ensina, então, de que aquela não era a melhor atitude para quem estava lutando pela paz. Ele se deixa prender, depois de dizer que poderia contar com um exército muito maior que aquele grupinho que o viera prender.

Diante de seus opositores e repressores ele foi instado a falar algo que o denunciasse ou que o fizesse passível de punição. Ele se mantém calado. O Religioso vocifera com ele, fazendo conjurações, exigindo-lhe que confesse sobre o que todos estavam falando. Calmamente ele diz “você acabou de dizer isso”

Ele sabia que assentir com o que fora dito, “você é filho de Deus”, representava a sua própria morte. Mas sabia também, que apesar da fúria daqueles opositores, e da sua morte certa, amanhã seria outro dia. Ele conclui seu pensamento e canta profeticamente a seus opositores:

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu

Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro

Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
Lá lá lá lá laiá

Os opressores e religiosos, ignoram a canção do Cristo e toda verdade contida nela. Ele é entregue ao sofrimento, à tortura, a morte. Todavia, como ele mesmo havia falado, o amanhã surgiu como um novo dia

“(…)o anjo(…)disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.” Mateus 28:5-6

Daqueles tempos, até o dia de hoje, a mensagem daquele homem e seu grupo, chegou a lugares inimagináveis. Sua mensagem de não se render ao desejo de fazer a justiça pela espada, continua viva, assim como a certeza de que, seja qual for a opressão, amanhã vai ser outro dia.

Você pode ouvir a música aqui.

A canção dos pescadores: não sou eu quem me navega.

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E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. Mateus 4:18-20

Eles saiam todos os dias para pescar. A vida de suas famílias dependia disso. Arrumavam as redes, consertavam as que estavam arrebentadas. Algumas não tão arrebentadas quanto suas próprias vidas. A opressão os dominava. Quando chegassem do mar, com o produto de seu trabalho, não poderiam usufruir de tudo que conseguiam conquistar. Parte da pesca, dolorida e suada, iria para as mãos de quem nada fazia, nem pelos pescadores, nem pelos pecadores. O império dos homens, e o império em nome de Deus cobrava-lhes altos impostos, para simplesmente manterem seus projetos de poder. Mantinham o poder e matavam o viver.

De dentro de suas pequenas embarcações, partindo para o mar, podia-se ouvir o canto de sabedoria, mesmo em meio a tantas dores:

“Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar”

O canto, triste, porém carregado de ensinamento para vida, era o que podia amenizar o sofrimento de suas árduas e quase infrutíferas tarefas. Cantavam a sua fé, que mesmo deturpada, fazia parte de suas vidas e de suas lutas pela vida. Era a fé no Deus criador da terra, céu e mar, que os mantinham sempre a caminho do mar. Desejosos de que a viagem do mar nunca acabasse continuavam cantando a fé e o que haviam aprendido com seus antepassados:

“E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
– Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar”

Nem sempre o resultado do trabalho é o desejado. Nem sempre a rede volta carregada de peixes. A rede vazia aumenta mais ainda o vazio de suas almas. A dor no peito vem com a certeza de que mesmo sem peixes, os impostos serão cobrados. Mesmo assim, a fé que eles têm em Deus, compreende que, tal como a onda que vem e vai, ir com a esperança e voltar sem peixe, é só mais uma um ciclo de ondas circunstanciais. Eles voltam então cantando:

A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz

Um dia, um homem diferente aparece à beira mar. Não tinha tipo de pescador, mas atrai pelo seu olhar e pelo se falar. Trazia um convite diferente. Queria pescadores diferentes, não daqueles que navegam no mar, mas daqueles que pisam o solo empoeirado da vida. Não queria pescadores de peixes, mas queria pescadores de homens: O homem de nazaré faz o convite: “venham comigo, eu os ensinarei como pescar Homens”

A proposta estranha se revelou atrativa. Tanto os que estavam na praia, quanto os que estavam nos barcos, decidem imediatamente. Deixam tudo de lado. Não há porque não arriscar. Já eram pescadores, só teriam que aprender como pescar seres humanos.

A partir desse convite, eles internalizam um novo canto. Não são senhores de si mesmos, mas tem Deus no controle do seu barco da vida. No caminho com o mestre, não desistem de cantar. Mas há uma nova canção em seus corações. Nela, eles não comandam o seu barco, mas Deus é quem governa a embarcação chamada vida.

Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o mar

(Inspirado na aula do Professor Marcio Simão

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Nele, toda raça humana experimenta a cura.

curaO profeta falou de sua existência futura. Não podia determinar exato lugar, tempo, espaço, mas sabia que ele existiria um dia.

Sua existência faria com que a esperança se ascendesse novamente. Onde quer que existisse uma bandeira, ela estaria tremulando ao sabor do vendo das mudanças que ele traria.

Sua luz, como um farol, iluminaria os lugares sombrios, trazendo esperança.

Sua vinda repentina ao mundo, quando ninguém esperava, seria em uma terra de onde ninguém esperava, pois de lá de sua terra, nenhuma coisa boa podia vir.

Mas sua existência seria tão marcante, que demoliria todas as certeza geradoras de opressão, certeza vã, sem valor, sem sentido.

Diante do que seu próprio povo chamava de certeza, ele afirmaria que aquela certeza vã, certeza-templo, que com certeza já não cumpria seu papel, cairia e não sobraria pedra sobre pedra.

Enquanto isso, seus amigos mais próximos, insistiriam no desejo de não deixar se extinguir o que aprenderiam com ele, desafiaram a noção de que viviam no inferno, para aceitar a mensagem de que o Reino de Deus estava entre eles, e que, dessa forma, não era possível se crer na velha noção de que o inferno era exatamente onde ele viviam.

O profeta diz que ele existiria para que toda a raça humana possa experimentar nele a cura.

O profeta-poeta, para sua caminhada, pega papiro e pena, e escreve sua profecia, que era mais ou menos assim

Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal, a cura.

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A canção de Maria Madalena: ainda bem que um dia encontrei você.

aos pes da cruz 1Ela já havia passado por momentos difíceis. Na sociedade em que vivia, somente o fato de ser mulher, já a tornava uma marginalizada. Além disso, espíritos imundos habitavam o seu corpo.

Mas aquele dia era o pior de sua vida. Diante dela, com o corpo dilacerado, estava a única pessoa que a valorizava como pessoa, independentemente do que falavam a respeito dela. Ele não a via como os outros a viam. Seu olhar era de ternura e resgatava-lhe toda a dignidade perdida.

Ela percebia as dores que ele sentia. Dores na carne e dores na alma. Essas dores lhes eram familiar. Antes de ter se encontrado com ele, ela sentira essas dores várias vezes.

Ficou ali perto dele, lembrando de que quando o povo a julgava sem nenhuma misericórdia, muitas vezes não eram só as vozes que a faziam sentir dor, mas o peso do julgamento chegava-lhe ao corpo. Mas ela sabia, que mesmo que o corpo doesse, a alma sim, era a que sentia mais dor.

Ela se lembra então do momento do encontro com aquele homem. Ele era diferente de todos os outros homens. Enquanto ninguém dava nada por ela, fazendo-a desacreditar dela mesma, ele agiu de forma diferente e a libertou.

Acostumada à solidão, ela agora passou a acompanha-lo por onde ele fosse.

Olhou mais uma vez para ele, e se sentiu impotente. Pensava consigo mesmo: “ele que me trouxe a vida, agora caminha para a morte, e eu não posso fazer nada”.

Em um esforço gigantesco, ela se lembra de uma canção, que falava um pouco sobre o seu encontro com ele, de como era sua vida, e como sua vida mudou após este encontro.

Tentando não chorar, ela então se põe a cantar:

“Ainda bem
Que agora encontrei você
Eu realmente não sei
O que eu fiz pra merecer
Você

Porque ninguém
Dava nada por mim
Quem dava eu não tava a fim
Até desacreditei
De mim

O meu coração
Já estava acostumado
Com a solidão quem diria
Que ao meu lado você iria ficar

Você veio pra ficar
Você que me faz feliz
Você que me faz cantar
Assim

O meu coração já estava aposentado
Sem nenhuma ilusão
Tinha sido maltratado
Tudo se transformou

Agora você chegou
Você que me faz feliz
Você que me faz cantar
Assim”

Ele escuta a música, comovido pela mudança realizada na vida dela, tem total certeza de que sua missão havia sido cumprida, dá um grito com toda a força de sua voz e diz:

Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito

Ela então não contem o choro, derrama as lágrimas de uma saudade anunciada, mas ao mesmo tempo, se sente feliz, pois ele, ao resgatar a sua dignidade, resgatou a dignidade de todas as outras mulheres marginalizadas.

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