Escrever com alma, coração e razão.

Algumas pessoas me perguntam: “Como você escreve?”

Escrever é mais do que organizar palavras em uma sequência lógica. Para alguns, é um ofício técnico, uma arte meticulosa de combinar letras e construir frases bem elaboradas. Para outros, como eu, escrever é um ato de existir. É traduzir a alma, desdobrar o coração e dar voz à mente.

Minha escrita não nasce do vazio. Ela brota das dores silenciadas, dos sorrisos esquecidos, dos gritos contidos e das lágrimas que aprenderam a se esconder atrás de olhares distantes. Cada palavra que escolho carrega não apenas um significado, mas uma história, um resquício de humanidade, um toque de transcendência.

Não escrevo para simplesmente informar; escrevo para sentir e fazer sentir. Meu texto não pede licença para entrar no leitor — ele se derrama, ocupa os espaços, ressoa nas entrelinhas do que não foi dito. É uma escrita que busca não apenas tocar, mas transformar.

Gosto de metáforas porque elas dizem o que as palavras literais não conseguem. Falam da vida como um rio que escorre entre os dedos, da dor como uma semente que insiste em florescer mesmo em solo árido, do amor como um fogo que queima sem consumir. A linguagem poética não é enfeite, mas a essência daquilo que quero comunicar.

Além disso, minha escrita tem um compromisso com a autenticidade. Não escrevo para agradar, mas para revelar. Não moldo histórias para que sejam confortáveis, mas para que sejam reais. E, em meio a essa verdade, há sempre um olhar para o sagrado. O divino está presente, não como um conceito distante, mas como uma presença que habita cada linha, cada pausa, cada respiro.

Se escrevo sobre mulheres da Bíblia, não as vejo como meros coadjuvantes de histórias maiores, mas como protagonistas de suas próprias narrativas. Se escrevo sobre autoconhecimento, não apresento respostas prontas, mas caminhos que precisam ser percorridos. Se falo de amizade, não me atenho às convenções, mas ao que pulsa de mais genuíno nessa relação humana.

Mas voltemos à pergunta original. “Como você escreve?”

Quando eu escrevo, procuro fazer um mergulho dentro de mim mesmo. Quando faço isso, busco enxergar, como num espelho, as emoções e pensamentos que, muitas vezes, se escondem no silêncio do coração.

Não se trata apenas de construir frases, mas de criar um universo onde o que penso e sinto, se em um diálogo. Procuro escolher as palavras que são como um cuidado de quem lapida uma joia a fim de torná-la cada vez melhor.

Escrevo a partir de dores, sorrisos, vitórias, frustrações, enfim, é um ato de existência, de tradução da vida, onde concilio metáforas, Minha escrita nasce de um espaço íntimo e revelador, onde as dores e os sorrisos se entre metáfora, pausa, procurando carregar a marca de um sentimento que acredito que deva ser lembrado. Não escrevo para simplesmente informar, mas para provocar um despertar, para fazer o leitor sentir a pulsação de uma vida vivida intensamente.

Falando um pouco de técnica, eu procuro não restringir meus textos à emoção pura. Procuro utilizar ferramentas e técnicas na construção do texto. Algumas dessas técnicas, que se tornaram quase que uma extensão de mim, são:

  • Introspecção: Reservo momentos de silêncio e reflexão para mergulhar no íntimo de minhas experiências. Essa prática permite que a escrita seja autêntica, conectando o real com o imaginário.
  • Uso de Metáforas: Na vida, estamos sempre fazendo algum tipo de comparação que nos ajuda a entender certos temas. Através de imagens poéticas, procuro transformar o comum em extraordinário. Procuro escolher metáforas que evoquem sentimentos que palavras literais jamais alcançariam.
  • Estruturação Ritmada: Prezo pela cadência do texto, fazendo com que a alternância entre momentos de tensão e calma cria um ritmo que envolve o leitor.
  • Revisão e Reescrita Conscientes: A cada nova versão, o texto se transforma, ganha novas camadas de significado e profundidade. A cada nova leitura, procuro reavaliar as palavras, e, se necessário, modificar de modo que o texto final se torne um reflexo genuíno do que quero transmitir. Sei que no momento da leitura feita pelo leitor, um novo texto emergirá do meu texto.
  • Escrever, escrever, escrever: O que quero dizer aqui, é que a primeira escrita não pode estar amarrada a detalhes do tipo “está certo?” ou “Aqui cabe um parágrafo ou continuo?” As regras gramaticais devem ser vistas por último ou você terá que fazer uma escolha entre escrever ou corrigir.

Mesmo utilizando técnicas, a escrita é, antes de tudo, uma arte de se desvelar, permitindo que a alma dialogue com a técnica, a fim de encontrar em cada palavra uma semente de transformação daquilo que está dentro de mim para aquilo que irá para o texto.

No fim de tudo, o resumo da minha escrita é que ela é feita de alma, coração e mente.

E, se ela encontrar eco em você, então já cumpriu seu propósito.

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