Independente da teologia que se segue e seja lá qual seja a forma e história que se conta a cerca das origens de satanás, uma coisa que é ponto de concordância em praticamente toda a cristandade é o fato de que o diabo é um ser que caiu da presença de Deus e que antes era um anjo de luz. Ainda que se discorde de como foi a queda, quais foram os motivos e quais foram as punições é certo que ele caiu. Raciocínio lógico e rápido, se ele caiu é porque antes tinha um status de quem estava bem perto de Deus.
A pergunta é: O que a história da queda de satanás tem a ver com trilhar o caminho contrário?
Independente da forma como lhe apresentaram essa personagem opositora de Deus, com certeza a história de que ele era um anjo da mais alta patente e que perdeu tudo por conta do seu orgulho é a que mais se comenta e publica. Por que ser somente um anjo de alta patente quando se pode ser Deus? E num retorno aos princípios, por que ser homem, quando se pode ouvir o convite da serpente e ser um deus?
Quando lemos o Gênesis e encontramos o diálogo da serpente com o ser humano, representado por Eva, percebemos que o convite era esse: coma e seja deus também. A partir desse convite, a humanidade tenta o tempo todo ocupar posições de poder e infelizmente essa sede de poder invade de forma desastrosa as igrejas dos nossos dias.
Lembro-me dos meus tempos de adolescentes (23 anos não é muito tempo assim) em que eu não conhecia outro cargo “máximo” nas igrejas evangélicas a não ser o de pastor. Coloco o máximo entre aspas, pois naquela época uma maioria esmagadora não achava o máximo ser pastor. Hoje, basta dar uma passeada pelas igrejas evangélicas e ver que ser pastor está fora de moda. Por que ser pastor quando se pode ser bispo, apóstolo, bispo primaz, arcanjo? O próximo passo nos levará a seguinte pergunta: Por que ser arcanjo (se esse for o nome da moda) se posso ser deus? (com letra minúscula mesmo).
Sei que ainda há, e Deus seja louvado por isso, pastores que dignificam tanto o cargo que exercem quanto o exercício desse cargo. Pastores que conhecem as suas ovelhas, que dão a vida por elas. Que por amor de uma somente, muitas vezes deixa o descanso do aprisco e vai buscar a que se perdeu e a recolhe, cura, trata e ama tal qual o exemplo de bom pastor que temos. Sem desmerecer os outros, quero destacar os que estão me pastoreando atualmente. Sei que eles não precisam nem que eu cite seus nomes, pois eles são meus exemplos, não simplesmente de pastores, mas principalmente de servos.
Todavia, me causa repulsa saber que uma grande parte dos “pastores” (já sabem o porquê das aspas, não?) se julgam superiores a todos e assumem títulos que refletem o seu desejo obsessivo e megalomaníaco de trilhar um caminho contrário. Eram homens comuns, tornaram-se “pastores” e acharam pouco. De pastores, passaram a “bispos” e ainda acharam pouco. De “bispos” passaram a apóstolos e ainda assim acharam pouco. Segue-se a megalomania e surge o bispo primaz e até onde se pode ouvir, o arcanjo. Caminham dessa forma para estarem sob o mesmo status de alguém que é opositor a Deus.
Como não posso prever o futuro (embora esse esteja claro na palavra de Deus) acredito que o próximo passo é querer ser Deus, trilhando assim o caminho contrário daquele que um dia pecou por causa da sua falta de humildade.
Nesse momento, toda minha angústia, dor, choro, nojo, repulsa por essa classe de homens que querem ser como Deus se tornará em júbilo de alegria e glorificação a Deus. Quando eles estiverem frente a frente com Deus, batendo em seus peitos estufados e orgulhosos, exigindo ser igual a Deus, o Pai os derrubará de novo e mostrará que acima Dele nunca houve e nunca haverá ninguém.
A Deus, que quando “olha pra cima” não vê ninguém acima Dele e quando “olha pra baixo” só vê seres que dependem Dele, seja dada toda a glória.
2 comentários
Excelente artigo. É triste mas, infelizmente é a pura verdade
Excelente o seu texto. Parabéns. Infelizmente, é o reflexo da igreja brasileira, principalmente as neopentecostais. Lamentável…