A mulher adúltera: Uma história com antes durante e depois.

imagem1ghEla havia se acostumado àquela rotina. Sua vida não era como desejava que fosse. Seu homem, aquele que prometeu diante do Eterno, ser-lhe fiel, agiu assim durante a sua mocidade. Agora que sua vitalidade não era a mesma, buscava em outras camas, o calor que já não o satisfazia na sua própria cama.

Mesmo que a rotina fosse uma constante, um dia, outro homem a olha com um olhar diferente. Na carência, achou que fosse amor. Não conseguiu vislumbrar que o que ele realmente queria era desfrutar de se corpo.

Por muito tempo resistiu ao insistente convite ao prazer, mas no fundo de sua alma, ficava pensando nas noites em que fora trocada pela orgia, sendo deixada de lado por seu próprio marido.

Ele, como todos os outros, achava que cumpria seu dever, dando-lhe casa e comida. Com joias caras, acreditava que comprava o seu amor e a sua subserviência. Eram os valores que ele acreditava ser suficiente para manter sua mulher fiel o tempo todo.

Mas tudo tem um limite. Como muito insistisse, pensou que por uma vez só, não lhe causaria dano. Afinal, seu corpo ainda vivo, desejava ser desejada.

Aceita o convite, abre a alma ao prazer, querendo acreditar que de alguma forma era amada.

O mundo parece desabar, quando alguém a denuncia. Encontrada em flagrante delito, em situação aviltante perante a lei, é levada sozinha para ser apedrejada. Entretanto, já não fazia diferença, as dores que as pedras causariam, à sua alma dolorida até a morte.

Sozinha, sem nem a companhia de que acabara de desfrutar de seu corpo, ouvia as vozes daqueles que já a havia condenado. Eles falavam com um homem a quem chamavam de mestre:

“Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?”

Sua mente em turbilhão, já descrevia a sentença. Se seus seguidores já a haviam condenado, ele, sendo o Mestre deles, não teria outra atitude.

Ela não entendeu muito bem, quando, no lugar de responder, ele começa a escrever na terra, para logo depois afirmar:

“Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.”

Os homens, que antes estavam em frenesi, vociferando contra ela, saem um a um, em um súbito silêncio.

Ele, o Mestre, rompe o silencio para perguntar:

“Mulher, onde estão àqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?”

Ela olha em volta, não vê nenhum e com voz trêmula lhe dá a resposta:

“Ninguém, Senhor.”

O Mestre olha-lhe nos olhos e a perdoa dizendo:

“Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.”

A história não termina aqui. Essa história, mesmo que tenha sido só contada no “durante”, tem o seu “antes” e “depois.

Ela segue seu caminho, mas sua vida já está marcada. Mesmo que o mestre tivesse dado o seu perdão, a sociedade em que ela vive, não a perdoaria e pra sempre na história, ela seria conhecida, não como a mulher a quem o mestre havia perdoado, mas como a mulher que fora pega em flagrante adultério.

Talvez ela tenha encontrado seu homem, que já sabendo do ocorrido, estava pronto a condená-la. Ela não foge do seu erro, assume que errou, mas declara diante dele a culpa que tinha e que não fora adquirida sozinha.Se no lugar de falar, ela pudesse cantar, talvez cantasse mais ou menos assim:

Errei sim,
Manchei o teu nome
Mas foste tu mesmo
O culpado
Deixavas-me em casa
Me trocando pela orgia
Faltando sempre
Com a tua companhia.

Lembra-te, agora, que não é,
Só casa e comida
Que prende por toda a vida
O coração de uma mulher.

As jóias que me davas
Não tinham nenhum valor
O mais caro me negavas
Que era todo o teu amor,
Mas, se existe ainda
Quem queira me condenar,
Que venha logo
A primeira pedra
Me atirar.

Se quiser ouvir a música, clique aqui.

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