E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava, Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia. E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão. Evangelho de Lucas 22:41-44
Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. Evangelho de João 6:33-35
Com a vida moderna transformando homens em coisas, é difícil falar de um momento tão singular quanto a Páscoa.
Na realidade, já não se fala de Páscoa sem usar os elementos alienígenas e burrificantes desse mundo moderno. Ovos, chocolates, pelúcias, ursinhos, peixe, comidas, e até mesmo ausência delas que no somatório geral não leva a absolutamente nada que signifique o que é Páscoa.
Há muito tempo, conta-se a história de uma páscoa de marcas e que marcou a história. Um povo cativo, preste a se tornar livre, sendo liberto pelas marcas da morte e do sangue. Sem o vinho da alegria, apenas uma morte aterrorizante, mas que não aterrorizava o povo cativo, protegido que era pelo sangue, marcas de suas portas. Talvez existisse tambem, a morte para o passado que ficaria pra trás; a morte para os laços formados mesmo em exílio. As vezes é preciso que haja morte para que se faça a vida em sua plenitude. Da morte, derradeira companheira, temos receio e dela não comentamos. Mas fugimos também dos outros tipos de morte que nos permeiam a vida. Morte do nosso próprio eu, da nossa própria vontade, morte daquilo que nos impede de vivermos a vida como ela deve ser vivida.
A história continua e o povo segue o rumo levando seus corpos indecisos entre Deus e deuses, entre Leis e bezerros de ouro, entre a vida e a morte. Sentiam fome de pão, recebiam o pão, mas continuavam caminhando para a sua própria morte. Era o pão do dia, que não fartava o futuro, mas somente o tempo presente. E o homem, desgosta desse pão que não dá provisão nem previsão para um futuro longinguo. O povo recebe em seu corpo, a falta da necessidade de pão, do vinho, do sangue, pois que seu corpo, já morto não tinham mais a esperança da Ressurreição.
Do povo que experimentou a morte no deserto, nasce um cordeiro, que experimentando a vida na periferia, no deserto, experimenta a quase morte em vida. Morte para suas vontades, para que a vontade do pai permanecesse viva. Por seus poros, no lugar de suor, sangue e no lugar do vinho da festa, a agonia da ante-sala da morte que faz seu sangue escorrer até o chão.
Ele se parte como pão e se derrama como vinho, doando seu corpo e seu sangue no sacrificio que poderá trazer no futuro, de volta o vinho da alegria e o pão da ressurreição. Inaugura a nova páscoa, mas com elementos da antiga: apressadamente, isoladamente, com marcas de sangue que marcam portas. As portas de agora, são as do coração daquele que se deixar marcar por seu sangue.
Não há doçura neste ato. Há somente morte. Mas não fica somente em morte. Há ressurreição daquele que bebeu do cálice dificil de beber e que se fez simbolo na morte, no sangue, no vinho e no pão o melhor sentido da Páscoa: Liberdade pela ressurreição.
Boa Páscoa!
Boa Liberdade!
Boa ressureição
Nele, que morrendo a nossa morte, gerou-nos nova vida e nos alimentou do pão da vida que Ele mesmo é.
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