A páscoa nunca mais seria a mesma. Até aquele dia, imolava-se um cordeiro. O animal era inocente, não tinha culpa de nada, mas não fazia nenhuma objeção em ser o objeto do sacrifício. Seu sangue, aspergido, representava a proteção recebida em um dia fatídico no velho Egito, na velha aliança.
Ele muda o sentido da páscoa, dando-lhe uma significação mais abrangente. Não há cordeiro, não há sangue do cordeiro. Há pão que sacia a fome e vinho que alegra a alma. Há entrega pessoal no ato de repartir com os amigos.
Na primeira páscoa, havia uma atmosfera de medo, de fuga. Medo da morte que poderia chegar. Medo das conseqüências que uma fuga traria. Nesta páscoa, o clima é tenso. Sabia-se que um dos discípulos trairia, sabia-se da morte do mestre, mas havia espaço para aconchego. Um dos discípulos se recosta no peito do mestre: A Páscoa do acolhimento.
Os anos se passaram, e o evento da vida, vira ritual. Alguns a praticam, mas não a compreendem. Outros já não percebem o sentido de praticar. Outros confundem pão e vinho com chocolates e coelho: A páscoa do afastamento.
Um homem meio louco para os padrões estabelecidos, a quem chamamos de pastor, mas que é amigo, surge na história de um pequeno povo e propõe uma páscoa diferente. Todos vão à mesa em comunhão. Não há padrão para o pedaço do pão. Não há padrão para o momento de partir o pão. Há comunhão de amigos e irmãos.
O pão à mesa está inteiro e a disposição de quem se sentir participante do corpo do Cristo. Um a um, homens, mulheres, meninos, meninas se levantam e partem o seu bocado de pão e pegam a sua medida do fruto da videira. Todos comem e é possível repetir. Não há comoção ritualística, mas a emoção de poder ser um em Cristo: A páscoa dos amigos e da comunhão.
Quem experimentou essa atmosfera de comunhão, certamente não se esquecerá do Cristo, da cruz, da dor, do sacrifício, mas, sobretudo compreenderá que páscoa é vida e que vida é para ser celebrada com alarido, com barulho, com festa, até que no céu celebremos com ele outra páscoa: A Páscoa da vida eterna.
Comentários