Hoje é um dia de dupla comemoração no Brasil. Dia em que nos lembramos das crianças e dia em que nos lembramos de Maria, em um dos seus muitos nomes, a Senhora de aparecida.
No contexto geral, é um dia de alegria. Por um lado, os pais, tios, avós, padrinhos trazem seus presentes e fazem a garotada rir de se cansar, fazendo-os se sentir mais importantes que o normal. Por outro, fiéis convergem para os templos e fazem suas reflexões sobre a importância de Maria no contexto do Cristianismo.
Mas passado esse dia, a realidade é outra.
As crianças, em uma grande maioria, não são felizes como nesse dia. Muitas ainda são escravizadas. Não pense que isso acontece nos países distantes. Olhe com cuidado pela janela do seu carro e talvez você veja aquela criança, que você olha todos os dias, mas insiste em não ver. No lugar de estudar, ser criança, ser feliz, ela enfrenta uma jornada de trabalho dura para sua idade, enquanto os pais estão gastando nos bares o que ela ganhou no dia anterior. Se você tiver um nome melhor que escravidão para isso, me avise.
Outras crianças são usadas como objeto de prazer por pessoas doentes, que, pensando nelas mesmas violentam, não só o corpo, mas a mente, a alma e a dignidade delas. Se elas não reproduzirem esse modelo, já é uma grande vitória, mas o fato é que suas vidas não serão mais felizes na plenitude.
É preciso fazer uma reflexão sobre o que se pode e se deve fazer para mudar esse quadro. Não espere pelos políticos, eles não estão preocupados com isso. Abra a janela da sua existência e no lugar de só olhar para aquela criança escravizada e violentada, passe a vê-la.
De fato, é preciso ouvir a vós das crianças que são impedidas de ser crianças.
E o que dizer de Maria? Se hoje ela é honrada nos templos de fé Católica, é desprezada em outros templos de fé protestante. Como pode uma pessoa de grande importância ser muito amada e menos amada por grupos de pessoas que se denominam de Cristãos.
Não teria sido ela, a jovem Maria, que se deixou a disposição do Eterno para gerar a revelação corpórea da Sua Divindade? Não teria sido ela quem disse “eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim segundo a sua palavra?”
É preciso que se traga de volta a honra a quem tem honra, mas não na esfera da adoração ou idolatria. Tenho certeza de que quem disse “eis aqui a serva…” não se sentiria à vontade com bajulações humanas. É preciso dar à Maria a honra por ter sido mãe da revelação de Deus.
Cabe aqui outra reflexão. Será que não se tem feito de Maria, por um lado, somente um objeto de súplica, desejo de ser atendido, num infinito de pedidos e mais pedidos, não dando lugar de honra, mas de caminho para se alcançar graças, e por outro lado, alguém de menor valor, simplesmente pelo fato de não se querer concordar com a devoção do outro lado?
De fato, é preciso ouvir a voz de Maria, que no lugar de ordenar ao anjo que se curvasse ante a mãe do salvador, só conseguiu dizer “Eu sou a serva, cumpra-se em mim o que deve ser cumprido.”
Ouçamos a voz das crianças e ouçamos a voz de Maria.
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