No posto de gasolina,
um desvalido com fome
me pede respeitosamente
que lhe arrume algo para comer.
Não pediu-me dinheiro.
Sentindo fome
Me disse: “por favor, pode me comprar um pão?”
Eu que já havia saciado a fome matinal
vi perto de nós um vendedor:
“Um salgado e um refresco por um Real”.
Aproximei-me do vendedor,
comprei o lanche em dobro.
O moço, mesmo com muita fome
antecipou-se a dizer:
“Um só moço, já mata minha fome”.
Insistir por dois.
Levei o moço para uma mesinha,
forrei alguns guardanapos
e arrumei o café da manhã
em forma de salgado e suco.
Quantas vezes temos isso
e não percebemos o valor?
Assentado a mesa,
antes de comer fiz uma proposta:
– Vamos agradecer a Deus
pelo alimento à nossa disposição?
Timido, ele insiste em dizer
que não sabia o que era orar.
Sem desistir o convidei
A repetir comigo algumas palavras de Agradecimento.
Ele o fez e no fim de tudo
começou a chorar.
E disse em meio a um suspiro:
“Se o senhor quiser, pode levar o lanche
o que eu ganhei é maior que o lanche.”
Parti o salgado, dei graças ao Pai
Lembrando de quando o filho disse
“tomai, comei, esse é o meu corpo partido por vós”
Partido pelos que sofrem,
pelos famintos,
pelos desolados,
pelos que se alimentam de dores
e bebem das suas próprias lágrimas.
Peguei o refresco, e agradeci também por ele.
Nem pão, nem sangue, nem vinho,
mas o suficiente para ajudar
alguém a ter sua necessidade básica suprida
e além disso, anunciar a morte do Cristo
até que ele venha.
O que eu fiz, pode ter feito
pouco efeito no corpo do homem,
mas creio que fez grandes mudanças
na alma e no espírito,
e se eu não fizesse o que foi feito
eu não teria a comunhão
com alguém que precisa
da comunhão do Pai.
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