A teologia cristã tem dois caminhos em suas origens: os evangelhos sinóticos e a literatura Paulina.
A princípio, a igreja se reunia em sinagogas e nas casas. A expressão εκκλησία (Eklesia), em princípio, tem somente o sentido “daqueles que se reúnem”, no caso do cristianismo trata-se dos que se reuniam para ouvir os ensinamentos dos apóstolos.
Os cristãos de Jerusalém nunca desistiram de suas identidades judaicas e, por conta disso, se reuniam nas sinagogas. O cristianismo é somente uma seita judaica, no seu princípio. Quando Jesus reinterpreta a lei, ele dá sentido aquilo que ele acha fundamental.
O cristianismo surge no processo histórico, não sendo possível determinar uma data de seu início. A respeito da teologia cristã, é possível dizer que o novo testamento é o primeiro discurso teológico acerca do cristianismo. É correto dizer que o novo testamento é uma teologia fontal, isto a partir do novo testamento é que se formula a teologia cristã.
A teologia cristã segue por dois caminhos: os evangelhos sinóticos e a literatura paulina, sendo a teologia paulina anterior à teologia dos evangelhos sinóticos. Os evangelhos se encarregam de levar a teologia cristã para o mundo judaico, e a literatura paulina leva a teologia cristã para a Asia e a Europa.
Os primeiros momentos do cristianismo são momentos de muito ineditismo no que se referé à experiência de fé. Foi preciso, então, sistematizar esta fé. Nas cartas aos gálatas e aos romanos, Paulo faz descrições acerca da graça, e estas descrições parecem ser intencionais, de modo que sobre o assunto “graça” todos tenham um pensamento único. Entretanto, quando Paulo fala sobre “carisma” (dons), ele não da uniformidade à questão.
A teologia dos evangelhos sinóticos é diferente da teologia paulina. Enquanto a teologia de Paulo é temática, a teologia dos evangelhos sinóticos é fundamentada em narrativas. Se na teologia de Paulo encontramos o cristo pré encarnado, na teologia dos sinóticos encontramos o cristo que se fez homem, habitando no meio de homens. É no evangelho que se dá o lugar do Deus encarnado. O que Deus faz em Cristo (unir todos os homens) é feito a partir de um lugar. Se não há essa localização, não há como entender o mistério de Deus em Cristo.
A teologia cristã, na sua origem é diversificada. Na teologia paulina há quatro temas importantes: Teologia, Cristologia, Antropologia e Eclesiologia. A Eclesiologia paulina é impressionante e inovador. A igreja é algo que está sendo pensado há muito pouco tempo. Os dois referenciais para Paulo pensar acerca da igreja são o templo e a sinagoga. Para Paulo, a igreja é ministerial. Trata-se da reunião de ministérios (serviços). A Eklésia paulina é pneumatológica, isto é, o Espírito é quem faz acontecer. Nesse sentido, estar em Cristo é estar em um perspectiva igualitária, não existindo maior ou menor.
A ideia de carisma, para Paulo, é a participação do seguidor de Cristo a ora de Cristo. Os dons são diferentes na sua manifestação, mas do ponto de vista da dignidade, eles são iguais. Os dois atuam de forma diferente para a edificação da igreja. Desta forma, na Eclesiologia paulina, não há uma percepção de valores. Todos os dons são igualmente importante pois tratam de edificar a igreja.
Paulo é um judeu e todas as vezes que ele fala de Deus, faz referências ao que é comum a todos os judeus: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Nesse sentido, não há muita novidade, a não ser a associação do cristo aos elementos comuns ao judaísmo.
O tema da pré-existência do Cristo está presente na teologia paulina, tendo sido este tema tratado posteriormente em João. Paulo pensa a fé cristã para além de uma experiência pessoal com Jesus. É Paulo, o responsável pela estruturação filosófica do cristianismo, não mais a partir da experiência pessoal.
Na antropologia paulina, o verbo de Deus encarna no ser humano e o efeito dessa encarnação impacta diretamente a vida do Homem.
Considerando o texto paulino “onde abundou o pecado, superabundo a graça”, Paulo explica que por Adão entra o pecado no mundo e por Jesus o pecado saiu do mundo, ou a graça entra no mundo. O pecado entrar no significa que todos os homens são solidários em pecado em Adão. Se considerarmos como o cristianismo é difundido, basta nascer para ser pecador, mas para ter acesso a graça é preciso ter nascido em um lugar onde o cristianismo tenha sido difundido, ter aceito o cristianismo, para somente então ter acesso a graça. Nesse sentido, a graça se torna inferior ao pecado.
A antropologia bíblica é bem fundamentada nos ensinos paulinos. É preciso entender bem a antropologia paulina para compreender a cristologia.
12/03/2013
Há que se considerar ainda, literaturas mais tardias tais como os escritos joaninos (evangelhos, epístolas e apocalipse), as cartas ou epístolas católicas (Pedro, Hebreus, Judas e Tiago) e as epístolas pastorais (I e II Timóteo). Este tipo de literatura tem seu lugar do ano 70 d.C. Em diante. A diferença da teologia cristã no novo testamento está acentuada entre as cartas paulinas e as cartas pastorais.
O capítulo 3 de I Timóteo demonstra uma opção por uma hierarquia eclesiástica, além de fazer referência aos dons descritos por Paulo nas cartas às igrejas. A teologia de ministério, nas cartas pastorais, foca em uma Hierarquia. O capítulo 2 de Tito fala de uma organização da vida social. Com relação às mulheres, estabelece que não há lugar na hierarquia eclesial para mulheres. Romanos 16 mostra a mulher com posição de apostolado.
Na virada do primeiro para o segundo século, começa uma profunda mudança na teologia cristã, indo cada vez mais de encontro ao mundo greco-romano. Nesse momento, a igreja começa o seu processo de institucionalização. Em um primeiro momento, o cristianismo é um movimento sem estrutura jurídica, sem estrutura patrimonial, sem estrutura doutrinária, e para que esse movimento pudesse ir adiante, era necessário que ele se institucionalizasse. Do primeiro para o segundo século o cristianismo toma corpo como instituição. O passo inicial e determinar uma ordem hierárquica. Há uma tensão muito grande entre o carisma e o poder. A estrutura tende a abafar o carisma, que está ligado aos ministérios e na teologia paulina, os ministérios são dados à todos sem distinção. O exercício do dom é o que configura um carisma.
Nas cartas pastorais é feito uma transição, saindo da discussão sobre cristianismo primitivo, avançando até o final do primeiro século entrando pelo segundo século. E o momento dos padres apostólicos. O cristianismo, nesse tempo, é difundido no meio de outras religiões bem fundamentada, desta forma, havia o desafio de dar sentido à fé no cotidiano, tendo como desafio de estabelecer uma fé muito bem fundamentada. O batismo, que é um elemento comum á diversas religiões, só difere no cristianismo pela forma: “em nome do Pai, Filho e Espírito Santo”.
A eucaristia era um momento singular e de grande valor nas primeiras comunidades. Era o momento de partilhar a ceia, como lembrança da morte de Jesus e acontecia sempre que existisse uma reunião de cristãos.
19/03/2013
A racionalidade da fé (Séculos III e IV)
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África oriental e norte da áfrica
– Cipriano: crise dos “lapsi”
– Tertuliano: a afirmação da teologia trinitária
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Egito
– Alexandria
– Clemente – Logos espermáticos
– Orígenes e a crise com Ário
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Síria
– Influência semítica
– Afraates
Nos séculos II e III, diversas correntes teológicas estão convivendo e o cristianismo não está identificado com nenhuma instituição. Há muita proximidade entre a formação de uma hieraquia com diferença de ideias. Se não há hierarquia definida, há alguma diversidade de ideias. Para que as ideias fossem únicas, a hierarquização teve que se tornar mais rígida.
Os concílios ecumênicos: Teologia e política (Seculos IV e V)
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Constantino e o concílio de Niceia: o imperador traz a igreja para dentro do império
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Teodósio I e o concílio de Constantinopla: a igreja se torna um meio para unificar o império.
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Concílio de Calcedônia: a igreja se torna igreja imperial.
O gnosticismo, seita surgida no cristianismo não considerava Jesus como homem. Não aceitavam a possibilidade dele ser humano e divino. O texto bíblico joanino combate o gnosticismo. Marcião, influenciado pelos gnósticos, discute as escrituras, criando um canon que julga ser verdadeiramente cristão. Considera que as cartas paulinas é que são importantes. Para ele, os evangelhos são importantes somente do ponto de vista histórico. As questões colocadas por Marcião, leva a igreja a definir um canon comum para todas as comunidades cristãs.
Havia alguns grupos qu aceitavam a humanidade de Jesus, mas não aceitavam a divindade de Jesus. Com conceitos monoteístas radicais, não conseguiram admitir Jesus como Deus. Um dos representantes mais importantes era Ário, que não aceitava a ideia de que o Pai, o Filho e posteriormente o Espírito Santo eram uma mesma essência, sendo porém pessoas diferentes. Para Ário, Jesus é o primogênito de Deus. Na perspectiva trinitária, Jesus era não criado Segundo Ário, Deus cria o primogênito, antes da criação do mundo. Tendo Deus criado o primogênito (logos), da a ele a função de criar todas as coisas. A história segue seu curso, e mais tarde, o logo se fez carne. Nesse sentido, Deus cria o Cristo, que mais tar e fará homem.
A discussão de Ário tem desdobramentos sérios, sobretudo no que se refere à soteriologia, pois sendo Jesus somente homem, não consegue fazer a mediação entre Deus e os homens. Neste caso, Jesus é o que se pode chamar de protótipo de homem.
Os concílios foram os lugares onde os grandes debates teológicos aconteceram. Para se combater o conceito ariano, o concilio de Niceia declarou que Jesus é o filho unigênito de Deus, da mesma essência de Deus (homeousus)
Politicamente, havia uma divisão em quatro do império romano. Constantino, após um sonho passa a dialogar com o cristianismo, proibindo a perseguição. Constantino tinha como grande amigo Eusébio de Cesareia, que acabou interpretando a história como sendo aquele momento, um momento singular para o cristianismo. Esta aproximação começa em 312 e se fortalece em 317. em 325 o próprio imperador convoca o concílio de Niceia. Este concílio, além de uma importância teológica, tinha também uma importância política. A convocação do concílio, feita por Constantino, tem como um dos propósitos unificar o cristianismo. A decisão final o concílio tendeu a repudiar o conceito arianista, mas isto não põe fim no problema existente entre o povo cristão. Constantino, no fim de sua vida, pede para ser batizado por um dos bispos de pensamento ariano, o que gerou uma grande controvérsia.
O concílio de Constantinopla reafirmou o Homeousus, discute que o Espirito Santo é também uma pessoa de mesma substância de Deus.
Do ponto de vista político, no concílio de Constantinopla, acontece o surgimento do que conhecemos como catolicismo romano. O imperador Teodósio decreta o cristianismo como religião oficial do império e as outras religiões passam a ser intoleradas. Neste tempo, para ser cidadão romano era necessário ser cristão.
09/06/2013
Do século VIII ao século XIV, temos um período conhecido como idade média. A Patrística abrange um período que vai do século II ao século VIII. A Escolástica abrange o período que vai do século X ao século XIV
O cristianismo ganha força ao ser o orquestrador da organização de um novo império: o sacro império romano do ocidente. O ocidente cristão, político e religioso é conhecido como cristandade.
A Escolástica se desenvolveu no período da idade média. A idade média, ainda que tenha sido um período de muita tensão, foi também um período de profundas reflexões teológicas. Foi um período de tirania e corrupção por parte da igreja, tendo as cruzadas e a santa inquisição como principais produtos.
Do ponto de vista político, os anos de 312 a 394 contaram com dois imperadores importantes, Constantino e Teodósio I. Houve uma aproximação com o império romano. Com a ordem de suspender a perseguição, cessa a mortandade dos cristãos. A aproximação da igreja com o império e tido como uma resposta divina. Em 394, o cristianismo é reconhecido como uma única religião do império romano.
Todo momento de perseguição é um momento de união e vigilância. Quando cessa a perseguição, há um relaxamento, tando da vigilância quanto das percepções teológicas e doutrinárias. A hierarquia na igreja diminuiu a relação em comunidade. Havia uma errônea visão de que o dom era exclusividade do clero, cabendo aos leigos somente a obediência. Nas cartas pastorais, os dons estão sobre o clero e não sobre os leigos.
A forte hierarquização da igreja produz uma reação de protesto, de denuncia contra a corrupção. A forma de protestar era sair dos grandes centros e ir para os desertos. A esse movimento deu-se o nome de Anacoretas (monges). Na origem do movimento monacal, a ideia não era de fuga, mas de contestação. A vida no deserto remetia a ideia de local onde satã está. O que os cristãos desse movimento faziam era ir de encontro a esse satã, para lutar contra, através da contemplação, oração, meditação e leitura das escrituras. Este movimento foi importante por manter as características do cristianismo na idade média.
Os anacoretas se dividiam em grupo, dos quais os mais importantes foram os Eremitas e os Cenobitas. A questão fundamental dessas peregrinações no deserto deu-se no retorno aos grandes centros, quando serviam como grandes sábios que sustentava a igreja do ponto de vista da reflexão teológica. Estes movimentos acontecem no mesmo momento em que a teologia cristã está em um momento altamente erudito, no que se refere a reflexão filosófica. O legado do movimento anacoreta tem sua maior influência na idade média. O clero secular foi o que se envolveu mais em corrupção. Boa parte dos padres seculares da idade média exerciam sua função a partir do poder econômico que possuem antes de serem padres. Os mosteiros foram os responsáveis pela preservação de toda a literatura de um determinado lugar.
O conceito de heresia é problemático. É um conjunto teológico, mas que por vezes foi fundamentado por questões política. A diversidade teológica no cristianismo passa a gerar problemas quando a diversidade gera contradição. O gnosticismo é a primeira manifestação de diversidade que provocou contradições nos termos da negação da humanidade de Jesus. A forma de judeus e gentios enxergarem cristo na essência é a mesma. Os judeus entendem Cristo a partir do judaísmo e de suas leis, enquanto que para os gentios não há necessidade de considerar o judaísmo.
16/04/13
O aprendizado moderno está intimamente ligado a figura de se aprender em um colégio. Nos templos de Platão, o aprendizado estava relacionado ao exercício de pensar. A base para a teologia cristã era o pensamento filosófico grego e um pouco de retórica romana.
Agostinho faz teologia a partir da filosofia. Possuía uma carreira filosófica distinta, passando por várias escolas filosóficas, dentre elas, a mais importantes são o maniqueísmo e o ceticismo.
Para o maniqueísmo, o mundo possui duas fontes principais. A preocupação filosófica era explicar o principio de tudo. Para o maniqueísmo, as origens possuíam um duplo olhar. Ha uma fonte que gera o mal e outra que gera o bem.
Epicuro propôs um dilema: Deus pode criar uma pedra tão pesada que nem ele pode erguer? O cristianismo moderno está acostumado a enxergar Deus a partir das categorias onipotência, onipresença, onisciência. O que está por trás do dilema de Epicuro é a teodiceia. Como o ser humano lida com o mal? Olhando por mera observação, percebe-se que existe o mal no mundo. Para algumas tradições, isso não é um problema. Para a cultura grega, no mito de Édipo, não há incomodo algum ao perceber que a divindade produza o mal. O mal é um problema para o cristianismo, pois para os cristãos tudo que foi criado por Deus é bom. Para o judaísmo, não há problemas em perceber Deus como alguém que geral o mal. A pergunta que o cristianismo faz é: de onde surgiu o mal, tendo em vista que Deus não criou o mal?
Para o maniqueísmo, há uma força que cria o mal e outra que cria o bem. Agostinho, no começo de sua carreira, pensava como Maniqueu. Para Agostinho, o mal está no ser humano, não sendo exterior. O mal é um estado. A fórmula que agostinho cria é: “não posso não pecar”, isto é, a condição de pecado é inescapável.
Agostinho então se pergunta: de onde vem este mal que leva a pecar? Poderá o Deus, confessado plenamente bom, criar qualquer coisa contrária à sua natureza? Ele questiona: o mal pode ser criação do inimigo? A resposta para esta pergunta é NÃO, pois só há um ser capaz de criar e este é Deus. Ao agostinho, ao escrever “O livre Arbítrio”, responde que o mal não é um ser. O mal é a ausência do ser. Neste caso, o mal está relacionado com o Homem e a sua liberdade. Para ele, o homem foi criado com plena capacidade de escolha e vai se encontrar em um momento de escolha. Ao ler o Gênesis, de forma literal, ele entende que o Homem tem capacidade de escolher. Ele deve escolher entre a sua liberdade (ser) e a sua não-liberdade (não-ser). A escolha do Homem é quem determina o surgimento do mal que não tem determinações metafísicas.
Agostinho considerava o primeiro casal como o casal original e a sorte da humanidade estava nas mãos deste casal. Quando o Homem faz a opção pelo não-ser, perde a capacidade de escolher (não posso não pecar). A partir deste ponto, agostinho define a escolha pelo não-ser como pecado original. Em Adão somos solidários da raça humana. Se o primeiro Homem pecou, todos pecaram. Para Agostinho ser completamente coerente com a ideia de que o pecado que nos condena é o que foi praticado por Adão, ele definiu que até as criancinhas vão para o inferno. Para Agostinho, o mal é histórico. Se há alguém que produz uma tentação que nos faz escolher o não-ser, isso não muda o fato de que a escolha pelo não-ser é nossa.
Agostinho faz uma leitura de Paulo por intermédio de Platão, que tinha como característica pensar no dualismo. Tudo que é bom e perfeito e verdadeiro, está na alma, ou no mundo perfeito das ideias e o oposto disso está no campo das coisas. Para se chegar a perfeição, seria preciso que o ser humano se desprenda do mundo das coisas (matéria). Agostinho interpreta o cristianismo a partir do neo-platonismo (Plotino). Ele faz uma contraposição do Homem carnal com o Homem espiritual. Para ele, é preciso viver uma vida espiritual para vencer a carne. Ele entende que Paulo quis dizer que para evitar o pecado, que reside no corpo, é preciso viver no espírito. Para agostinho, o pecado foi transmitido através do sexo.
Paulo pensa diferente. Para ele o que faz o Homem ser carnal ou espiritual é a sua relação com a Lei e a Graça. Se ele entende que o que o justifica e constrói sua vida é estabelecido a partir de méritos, ele é carnal. Se o ser humano, mesmo não sendo praticante da religião, entede que sua justificação é pela graça, ele é espiritual.
21/05/2013
O filme “O nome da rosa” retrata as duas correntes teológicas da idade média. O monasticismo, com sua teologia monástica e o Escolasticismo, com sua teologia especulativa.
A existência dos mosteiros contribuiu para a consolidação do cristianismo. Não fosse a existência dos mosteiros é possível que não tivéssemos o cristianismo tal como existe hoje.
Com a queda do império romano, dividido em até quatro partes, quando os povos dominados perceberam a divisão, começaram a atacar. O cristianismo institucionalizado corre então grandes riscos. Exatamente neste momento surgem os mosteiros que se destacam. Entre a queda do império romano e o surgimento do sacro império germânico, há uma lacuna e os mosteiros ganham força, tendo o cristianismo, nos mosteiros, um importante centro cultural, político e econômico. As ordens tem esse papel de “segurar” este triplo papel.
A civilização ocidental, fora dos grandes centros, experimentava uma profunda decadência em função das invasões bárbaras. Os mosteiros serviram para conservar o aspecto cultural. Neles se conservava a cultura letrada e fora deles todos eram analfabetos. Nos mosteiros, os monges dedicavam toda a sua vida para copiar o texto bíblico, fazendo dessa forma a preservação cultural.
Do ponto de vista econômico, o mosteiro era responsável pela concentração de riquezas. Como dominava a vida cultural, produziam riquezas. Às margens dos mosteiros se estabeleceram os burgos, formado por pobres que recebiam permissão do mosteiro para plantar, sendo todo o produto do plantio revertido para o mosteiro, ficando com os pobres somente o suficiente para se alimentar.
A medida em que se percebeu o lucro, começou-se a estabelecer em terras distantes as dioceses. Os bispos, responsáveis pelas dioceses compravam o seu título da igreja e passa a repetir na dioceses o modelo econômico dos mosteiros, repassando parte do ganho para a igreja. Quanto maior o poder econômico, maior a difusão desse modelo econômico. O clero, então, detinha todo o poder econômico e politico. Neste momento, o celibato passou a ser importante para manter o poderio econômico da igreja nas mãos do clero. O celibato não era necessariamente castidade.
O mosteiro, pelas razões políticas, econômicas e culturais se tornaram o centro do mundo. Nos mosteiros se desenvolveu uma teologia mistica, onde se pensava que sobre Deus não se devia falar muito, mas experimentar no aspecto mistico. Por mistica, entenda-se uma tradição cristão de profundidade teológica. Nesse sentido, era possível conciliar espiritualidade com teologia.
Teologia negativa – O teólogo se convence que diante do mistério o que se deve fazer é calar. É um profundo conhecimento de que a teologia não tem condições de descrever Deus. Para entrar em contato com Deus era utilizado uma forma que não exigia mediação de contato. Mesmo nos que nos mosteiros tenha se desenvolvido uma teologia muito profunda, esta não foi a mais importante, sendo a Teologia Escolástica a mais importante.
A teologia escolástica surgiu nas escolas. Nas catedrais foram se desenvolvendo escolas que estudavam as seguintes ciências: Trivium, onde se estudava a retórica, a gramática e a dialética e o Quatrivium, onde se estudava a aritmética, a geometria, a música e a astronomia. O que se pretendiam alcançar nessas escolas era a reflexão especulativa. Nesse momento, a teologia se transforma na principal fonte do saber tendo a filosofia como parceira. A Escolástica diz que é possível fazer analogias entre a criação e o criador. Das escolas de teologia, surge em Paris a primeira universidade, no seculo XI.
Sobre o texto: Provas ontológicas e provas cosmológicas.
Não se consegue pensar nada maior que Deus. Este que pensarmos não pode existir somente aqui, logo, se ele existe além daqui, ele é real. Se não está no nível da nossa existência e inteligencia, significa que é superior.
O simples fato de provar a existência de Deus coloca a teologia escolástica no nível da linguagem da argumentação. Essa característica da teologia escolástica ganha limites absurdamente grandes. Neste momento, a teologia está próxima da metafísica. Se discute muito, nesse momento, as relações entre as pessoas da trindade.
Para Tomas de Aquino, tudo que é vivo tem movimento e tudo que está em movimento é movimentado por um outro motor. Se retrocedermos nesse argumento, chegaremos a um motor imóvel (Aristóteles). Tomas de Aquino chama esse motor de Deus.
Para cada causa incausada, Tomas de Aquino, referenciando-se a Aristóteles, diz que “todo efeito tem uma causa”. Retrocedendo nesse conceito, chegaremos a uma causa originária chamada por Tomás de Aquino de Deus.
Para o argumento de “sumamente perfeito”, Tomas de Aquino refere-se a Platão (mundo real x mundo das ideias). Para Tomas de Aquino o que sumamente perfeito é Deus.
A nossa reflexão vai do contingente ao necessário. Tomas de Aquino faz referencia a essência e a existência. O necessário é Deus, todas as outras coisas são contingencias.
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