Natal: a comunhão do Deus-pai com o menino-Deus e toda humanidade.

comunhao_2462858“Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e vistes ver-me” Mateus 25.36

Ultimamente tenho pensado muito. A tarefa de escrever uma pesquisa me fez pensar tanto, que achei que ao final, não sobraria espaço para se pensar.

Mas cá estou eu, pensando novamente. Estou pensando sobre o que é de fato o verdadeiro sentido do natal.

Pensando se o menino que nasceu em um lugar tão simples, se acharia confortável na opulência de nossos natais, tão cheio de coisas e tão vazios de significados.

De fato, aquele menino, Deus menino, nascido na manjedoura, não tem encontrado muitos lugares para estar nesse natal.

Anos depois de seu nascimento, da sua vida em meio aos pobres, ensinando aos seus amigos, ele fez relação entre fazer ao próximo e fazer a ele mesmo.

Esta relação, ensinada pelo menino-homem-Deus, por vezes volta a tona, num espasmo de humanização que temos de vez em quando, mas não é assim o tempo todo.

É mais fácil ser abençoado do que ser abençoador e no natal, o que de verdade buscamos é ser abençoado. Damos outro nome para isso, chamando de presente.

Nas trocas dos nossos presentes, por vezes nos esquecemos de que o menino Deus, que parece nascer somente a cada 25 de dezembro, exatamente a zero hora, quer de fato ser presente na nossa vida.

Mas nossos olhos não estão acostumados àquele momento singular, onde o menino, maravilhoso conselheiro, Deus forte, pai da eternidade e príncipe da paz, podendo nascer em um ambiente de riqueza, nasce em um ambiente de humildade.

Hoje, nossas celebrações são repletas de brilho e luz. Onde há frio, usam-se aquecedores; se há calor, diminuímos a temperatura com nossos condicionadores de ar. Temos o poder de transformar lugares desagradáveis em lugares agradáveis.

Naquele estábulo, deitado naquela manjedoura, o Deus menino só podia fazer o que os meninos que não são Deus fazem. Chorar se tivesse fome e se aconchegar à sua mãe se tivesse frio.

Na simplicidade de um menino, tão igual a tantos outros, o Deus criador se revela, se auto-esvazia, se humaniza, para humanizar todos os homens e mulheres que se desumanizaram ao longo de suas existências.

Nesse sentido, o nascimento de Jesus, fala de um interesse especial de Deus em enviar seu único filho para restaurar a comunhão perdida. Deus se fez homem, para como homem humanizar todo homem e toda mulher. Na comunhão do pai com o filho e do filho com a humanidade se encerra todo o sentido do menino-Deus ter nascido.

O que sobrará das nossas celebrações, jogaremos fora e, talvez, nos lixões afora, alguém se impressione com tanta coisa “boa” que jogou-se fora.

Bastaria pão e vinho, símbolos da comunhão, para que nosso natal tivesse melhor sentido.

No dia seguinte ao nascimento do menino-Deus, é provável que sua mãe, que ainda nem devia ter se acostumado à idéia de ser mãe, estivesse apenas preocupada com em alimentar seu bebê. Para ela, cuidar bem daquele menino era que dava sentido ao seu nascimento. Em outras palavras, cuidar bem do menino era o verdadeiro sentido do natal

No dia seguinte de nossas celebrações, é provável que estejamos preocupados com o que faremos com as nossas sobras. Fazemos muito, para termos mesa farta, mas nos esquecemos que na mesa de muitos falta tudo, não tem nada.

E minha mente continua a pensar, pensar, pensar…

Que tipo de cuidados nós temos como menino-Deus, no dia seguinte ao seu nascimento?

Se não alimentarmos aqueles que tem fome, se não dermos de beber aos que tem sede, se não acolhermos os forasteiros, se não vestirmos os nus, se não visitarmos os doentes, se não formos ver os encarcerados, não teremos feito ao menino-Deus o que ele espera que façamos.

O nascimento de Jesus, o natal, só faz sentido se vivido a partir da ótica de seu aniversariante. E pela sua ótica, é mais importante se doar das formas como ele nos ensinou, do que simplesmente ter uma mesa farta, onde não falta nada. Não falta a comida, não falta a bebida, não falta o presente, mas muitas vezes, falta o menino presente, e nesse caso, tudo falta.

Ultimamente tenho pensado muito em ter um natal sem presentes, mas com o menino-Deus presente o tempo todo.

Feliz natal.

Feliz comunhão com o menino-Deus presente.

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