Salmo de lamento do homem do sertão

29052012152130seca fortaleza

Junto ao rio São Francisco, ali nos abeiramos e choramos, quando nos lembramos da vida no sertão.

Sobre os Juazeiros que há no meio do sertão, penduramos nossas sanfonas.

Pois lá, aqueles políticos que nos fizeram cativos por meio das ideias, nos pediam nosso voto; e os coronéis que nos destruíram, que os alegrassem dizendo: não cantemos mais, somente trabalhemos, se não…

Como trabalharemos o trabalho justo em terras de injustiça tão estranha?

Se eu me esquecer de ti, ó Juazeiro do Norte, esqueça-se a minha mão direita de fazer bem feita a colheita.

Se não me lembrar de ti, que minha língua se apegue ao meu paladar, que já nem sente o gosto da comida chamada de bolsa família; se não preferir Juazeiro do norte, terra outrora livre de políticos e coronéis, minha maior alegria.

Lembra-te, Senhor, não dos filhos de Edom, terra distante, mas de nós, filhos teus, filhos de Juazeiro, e de tantos outros lugares explorados por aqueles que fingem nos ajudar.

Lembra-te de nós, para que não seja preciso pensar: Feliz aquele que pegar nos filhos dos políticos e coronéis e der com eles nas pedras.

1 comentário

    • Mara Rossana em 17/08/2013 às 11:03 am
    • Responder

    belíssimo
    Quando lia esse salmo ( 137) sentia muita dor e angustia pelo cativeiro.O sentimento foi o mesmo e o mais curioso é que a realidade é a mesma,tão perto de nós. É difícil cantar em terra estranha em meio a escravidão. Mais difícil ainda é quando a a terra estranha é onde nascemos e a escravidão continua 125 anos após a “abolição”.

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